quinta-feira, 23 de outubro de 2008

CALENDÁRIO NEGRO

JANEIRO
01 - Dia Mundial da Paz
01 - Independência do Haiti /1804
02 - Fundação da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, em São Paulo, SP /1771
03 - Fundação da União dos Homens de Cor de Porto Alegre, RS / 1943
06 - Circula pela primeira vez o jornal O Clarim da Alvorada, organizado por José Correia Leite e Jayme de Aguiar/ 1924
06 - Nascimento de Juliano Moreira, médico psiquiatra considerado pai da psiquiatria brasileira, em Salvador, BA / 1873
08 - Fundado o Congresso Nacional Africano - CNA - África do Sul /1913
15 - Nasce Martin Luther King Jr. / 1929
15 - O governo baiano suprime a exigência de registro especial para templos de ritos afro-brasileiros
20 - Assassinado pela polícia portuguesa Amílcar Cabral, poeta revolucionário, lutador pela liberdade da Guiné e Cabo Verde
24 - Revolta dos Malês, na Bahia /1835
26 - Nasce Ângela Davis, EUA
29 - Morre José do Patrocínio, o "Tigre da Abolição" , jornalista negro e ativista da causa abolicionista
31 - Nascimento, em 1582, de Nzinga, rainha de Angola de 1633 a 1663
FEVEREIRO
01 - Nascimento, em Minas Gerais, da antropóloga e filósofa Lélia Gonzalez, intelectual e militante / 1935
02 - Dia de Iemanjá
06 - Nasce o cantor e compositor Bob Marley / 1945
07 - Nascimento de Clementina de Jesus da Silva, Valença/RJ /1902
09 - Nasce a escritora Alice Walker, na Geórgia, EUA / 1944
11 - Libertado Nelson Mandela, depois de 27 anos de prisão, na África do Sul /1990
12 - Nascimento de Arlindo Veiga dos Santos, acadêmico e primeiro Presidente da Frente Negra Brasileira (ver 16/9) / 1902
12 - Admitido o primeiro universitário negro na Universidade de Alabama - EUA /1956
13 - Assassinato de Patrice Lumumba - Congo /1961
14 - Morre a escritora Carolina Maria de Jesus, autora, dentre outros livros, de Quarto de Despejo
18 - Morre o poeta, compositor, ator e teatrólogo Solano Trindade / 1974
19 - W.E.B. Dubois organiza o Primeiro Congresso Pan-africano em Paris / 1919
19 - Carter G. Woodson cria, nos EUA, a "Negro History Week", atualmente o "Black History Month" (Mês da História Negra) / 1926
21 - Morre assassinado Malcom X / 1965
23 - Nasce William Edward Burghardt Dubois, doutor em Filosofia e pai do pan-africanismo contemporâneo
26 - As potências européias repartem o continente africano /1885
28 - Criação do Quilomb hoje Literatura / 1980
MARÇO
02 - Ocorre o primeiro carnaval de escolas de samba do Rio de Janeiro, RJ / 1935
04 - Morreu o poeta Lino Guedes, em São Paulo, SP / 1951
06 - Gana é o primeiro país da África Negra a tornar-se independente/1957
06 - Abolição da escravatura no Equador / 1854
07 - Grande Marcha pelos direitos civis, de Selma à Montgomery, liderada por Martin Luther King, Jr. / 1963
08 - Dia Internacional da Mulher
14 - Nasce Abdias do Nascimento, ex-senador, criador do teatro Experimental do Negro (ver 13/10) / 1914
14 - Morte do franciscano negro Santo Antonio de Categeró / 1549
21 - Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, em memória das vítimas do massacre de Shapeville, na África do Sul / 1960
21 - Zumbi dos Palmares é incluído na galeria dos heróis nacionais / 1997
21 - Independência da Etiópia / 1975
21 - Independência da Namíbia / 1990
22 - Abolição da escravatura em Porto Rico / 1873
25 - Nascimento de Aristides Barbosa, jornalista, educador e ex-militante da Frente Negra / 1920
30 - Os homens afro-americanos conquistam direito de voto nos EUA / 1870
ABRIL

01 - Primeiro Festival Mundial de Arte Negra, Dakar, Senegal / 1966
01 - Criação do Partido dos Panteras Negras, EUA / 1967
04 - Assassinato de Martin Luther King Jr., Memphis, EUA /1968
04 - Criação do bloco afro Agbara Dudu, Rio de Janeiro, RJ / 1982
04 - Independência do Senegal / 1960
05 - Nasce o grande capoeirista Vicente Ferreira Pastinha, "Mestre Pastinha" / 1888
05 - Nasce o compositor Joaquim Maria dos Santos, Donga, autor de Pelo Telefone, primeiro samba gravado
07 - Dia da Mulher Moçambicana
12 - Nasce Esmeraldo Tarquínio, deputado estadual e prefeito de Santos / 1927
15 - Nasce o compositor do Hino à Bandeira, o negro Antônio Francisco Braga / 1868
19 - Independência de Serra Leoa / 1961
19 - Dia do Índio
23 - Nascimento de Pixinguinha, músico / 1898
25 - O Bloco Afro Olodum é criado em Salvador, BA /1979
26 - Nasce Benedita da Silva, primeira mulher negra a ocupar o cargo de governadora / 1942
26 - Iniciam-se as primeiras eleições multirraciais na África do Sul / 1994
27 - Independência do Togo
MAIO
01 - Dia Mundial do Trabalhador
03 - Nascimento do geógrafo Milton Santos, que revolucionou a Geografia, dando-lhe um enfoque humanista
13 - Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo
13 - Nascimento do escritor pré-modernista Lima Barreto / 1881
13 - Dia dos Pretos Velhos
13 - Abolição da escravatura no Brasil / 1888
18 - Criação do Conselho Nacional de Mulheres Negras, no Rio de Janeiro / 1950
23 - Nascimento do poeta Carlos de Assumpção, autor do célebre poema Protesto
25 - Criação da Organização da Unidade Africana - OUA / 1963
25 - Dia da Libertação da África, promovido pela ONU / 1972
JUNHO
05 - Dia de Solidariedade ao Povo Moçambicano
06 - Morre o jamaicano Marcus Garvey, mentor do Pan-africanismo / 1940
21 - Nascimento de Luís Gama - jornalista, poeta e um dos gigantes da causa abolicionista / 1830
21 - Nascimento de Machado de Assis / 1839
24 - Nascimento de João Cândido, o "Almirante Negro", líder da Revolta da Chibata
25 - Independência de Moçambique, África / 1975
26 - Independência da Somália / 1960
30 - Independência do Zaire, África/ 1960
JULHO
01 - Independência de Ruanda, África / 1960
01 - Independência de Burundi, África / 1962
02 - Nascimento de Franz Fanon, médico psiquiatra e revolucionário / 1921
02 - Nascimento de Patrice Lumumba / 1925
03 - Aprovada a Lei Afonso Arinos, colocando a discriminação racial como contravenção penal / 1951
03 - Independência da Argélia, África / 1962
05 - Independência de Cabo Verde / 1975
07 - Leitura, em frente ao Teatro Municipal, de carta aberta à nação contra o racismo, inaugurando o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (depois MNU) / 1978
08 - Fundação do Instituto de Pesquisas da Cultura Negra (IPCN), Rio de Janeiro / 1975
12 - Independência de São Tomé e Príncipe / 1975
15 - Ocorre a primeira Conferência sobre a Mulher Negra nas Américas, Equador / 1984
17 - O ator Grande Otelo recebe o título de Cidadão Paulistano / 1978
18 - Nascimento do líder sul-africano Nelson Mandela / 1918
24 - Nascimento do poeta Solano Trindade, em Pernambuco / 1908
25 - Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha
26 - Independência da Libéria, África/ 1846
AGOSTO
01 - Independência do Benin, África/ 1975
03 - Independência do Níger, África / 1960
07 - Independência da Jamaica / 1962
07 - Independência da Costa do Marfim / 1960
08 - Em Lagos (atual Nigéria) é registrado o primeiro ato de escravidão, por Portugal / 1444
10 - Morre o padre Batista, um dos fundadores do Instituto do Negro e dos Agentes de Pastoral Negros / 1991
12 - É publicado o manifesto dos conjurados baianos da Revolta dos Alfaiates, protestando contra os impostos, a escravidão dos negros e exigindo independência e liberdade / 1798
14 - Morre a Ialorixá Mãe Menininha do Gantois / 1986
15 - Independência do Congo, África / 1960
17 - Nascimento do pan-africanista Marcus Garvey / 1887
19 - Independência do Gabão / 1960
23 - Nascimento de José Correia Leite, fundador do jornal O Clarim da Alvorada / 1900
24 - Primeiro Congresso de Cultura Negra das Américas, na Colômbia / 1977
24 - Morte do abolicionista Luís Gama / 1882
28 - Primeira Marcha de Negros sobre Washington, em favor dos direitos civis, EUA / 1963
29 - Nascimento de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, escultor, entalhador e arquiteto

SETEMBRO
04 - Promulgação da lei Euzébio de Queiroz, extinguindo o tráfico de escravos no Brasil / 1850
07 - Criação do Grupo União e Consciência Negra do Brasil / 1981
10 - Morte do líder angolano Agostinho Neto / 1979
11 - Independência do Senegal, África / 1960
14 - É fundado o jornal O Homem de Cor, o primeiro da imprensa negra brasileira / 1833
16 - Fundação da Frente Negra Brasileira, maior entidade da primeira metade do século, primeiro partido político de afro-descendentes/ 1931
18 - Circula o primeiro número do jornal A Voz da Raça, jornal da Frente Negra / 1933
18 - Decreto do Presidente Getúlio Vargas diz que o Brasil precisa desenvolver, em relação à imigração, "as características mais convenientes de sua ascendência européia"
21 - Independência do Mali / 1960
22 - Libertação jurídica dos escravos nos EUA / 1862
22 - Independência do Mali, África / 1960
24 - Independência da Guiné-Bissau, África / 1973
27 - Dia dos Idosos
28 - Aprovada a Lei do Ventre Livre / 1871
28 - Assinada a Lei do Sexagenário / 1885
OUTUBRO
01 - Independência da Nigéria, África / 1960
01 - Fundação, na PUC, do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros - NEAFRO
02 - Independência da Guiné, África / 1958
07 - Dia de Nossa Senhora do Rosário, patrona dos negros
09 - Nascimento, em São Paulo, do poeta, ensaísta e crítico Mário de Andrade, de ascendência afro nem sempre lembrada / 1893
10 - Morre Francisco Lucrécio, Secretário da Frente Negra Brasileira, em São Paulo / 2001
11 - Nascimento do compositor e cantor Agenor de Oliveira, o Cartola / 1908
12 - Começa a devoção a Nossa Senhora Aparecida, quilombola negra, padroeira do Brasil, a partir de 1717
13 - É fundado o Teatro Experimental do Negro no Rio de Janeiro / 1944
14 - Martin Luther King Jr. recebe o Prêmio Nobel da Paz / 1964
16 - O arcebispo Desmond Tutu recebe o Prêmio Nobel da Paz / 1984
16 - Wole Soyinka torna-se o primeiro africano a receber o Prêmio Nobel de Literatura / 1986
24 - Nascimento de Esmeralda Ribeiro, poeta e uma das coordenadoras do Quilombhoje / 1958
24 - Nascimento do poeta e jornalista Oswaldo de Camargo, co -fundador do Quilombhoje / 1936
26 - Dia Nacional da Juventude
31 - Nascimento de Luiz Silva - Cuti, poeta, dramaturgo e co-fundador do Quilombhoje / 1951
NOVEMBRO
01 - É criado o Bloco Afro Ilê Ayiê, Salvador, BA/ 1974
01 - Morte do escritor Lima Barreto / 1922
04 - O MNU declara o 20 de novembro Dia Nacional da Consciência Negra / 1978
10 - O governo Médici proíbe em toda a imprensa notícias sobre índios, esquadrão da morte, guerrilha, movimento negro e discriminação racial / 1969
11 - Independência de Angola / 1975
11 - Independência do Zimbabwe /1980
19 - Nascimento de Paulo Lauro - primeiro prefeito negro de São Paulo, SP / 1907
19 - Publicação de despacho de Rui Barbosa ordenando a queima de livros e documentos referentes à escravidão negra no Brasil
19 - Lançamento do primeiro volume de Cadernos Negros /1978
20 - Morte de Zumbi, líder do quilombo dos Palmares /1695
20 - Dia Nacional da Consciência Negra
20 - O grupo gaúcho Palmares declara o 20 como Dia do Negro / 1975
24 - Nascimento, em Santa Catarina, de Cruz e Souza, o maior poeta simbolista brasileiro / 1861
DEZEMBRO
02 - Dia Nacional do Samba
02 - Nascimento de mestre Didi, em Salvador, BA
02 - Nascimento de Francisco de Paula Brito, primeiro editor brasileiro, em Magé, RJ / 1809
05 - A Constituição proíbe negros e leprosos de frequentar escolas no Brasil / 1824
08 - Dia de Oxum
10 - Comemoração da Declaração Universal dos Direitos Humanos
12 - Independência do Quênia / 1963
20 - A lei 7437 condena o tratamento discriminatório no mercado de trabalho, por motivo de raça ou de cor
29 - Nascimento, no Senegal, do Cheik Anta Diop, autor de um trabalho de revisão da história africana

(Ria e Ola! Nasceu alem de brotar/Maria e Paola!)

*Por Ru Aiso


Deixei brotar... como duas flores/rosas...
Uma é Maria e a segunda é Paola.
Conceição pedia... e Vannucci sorria, pois o engraçado: era o limão do
Amaral, mesmo frustrado na história deixou uma digital.

Deixei brotar... como duas rosas/flores...
E me encantei com Conceição com seus conceitos potentes como de uma
mulher repleta de decisões, onde seus amores deixaram de entender,
que ela é uma senhora jovem, uma Nzinga forte e de pura imaginação.

Deixei brotar... como duas rosas/flores...
E me cativei com Vannucci com suas opiniões robustas como de uma
Senhora gaja repleta de coragem, onde seus amores deixaram de entender,
que ela é uma senhora jovem, uma Nzinga forte, que mantém as puras inspirações .

Deixei brotar... como um encontro de duas flores/rosas
E nelas por dentro ferem em saudade, quando ao distante
precisa permanecer.
E sentem, que um laço bem feito nunca se desfaz e enlaça em paz.
Deixei brotar... como um encontro de duas rosas/flores
Elas se fitam tão fraternas e mesmo ao longe sentem e Diz:

Sei que é amizade
Sei que era colorida(alegre)
Sabia que crescia
Sabia que fluía...
Sei que lembrava o arco-íris, mas não
entendia.

Deixei brotar... como um encontro de duas flores /rosas
Hoje sei que cada uma segue seu horizonte, mas nunca levará uma amizade vazia, afinal Maria e Paola “são” o passado e o presente de Vannucci e de Conceição onde quer que seus destinos às levem seus corações manterão firmes e fortes como uma águia sempre bela, que sobrevive do sul ao norte por simples existir. E assim uma águia há entre vocês: ela é livre e forte como vocês.


13 de setembro de 2007 20:15

CULTURA E RESISTÊNCIA POPULAR - O QUE É QUE O SAMBA TEM?

Por Maria da Conceição Freitas – Educadora licenciada em História


A trajetória histórica da cultura brasileira se debruça na influencia das etnias que aqui se fixaram a partir do processo de colonização. Dentre essas influencias destacamos aqui o povo negro, que arrancados do seu mundo, trouxeram seus símbolos e significados, como é o caso das rodas de Semba e da Umbigada. Esses elementos sofreram uma reelaboração conceitual e originaram inúmeras manifestações culturais tipicamente brasileiras, não só como forma de entretenimento, mas também de resistência e afirmação das massas e passaram a representar os anseios do povo, por liberdade e manutenção das nossas tradições.
Precisamos difundir sobre a importância do SAMBA, como um dos eixos da nossa cultura, sendo extremamente significativo para reconhecermos nossa identidade. Os especialistas garantem que o samba não saiu de moda e não há como derrubá-lo, afinal “Quem não gosta de samba bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé”.
O samba tem a capacidade de abraçar a todos e todas, seja ele, Duro; Chula; de Roda; Choro, em Bossa Nova (o chamado Samba Bip bop). O importante é sambar, entendendo que ele é sinônimo de paz, de construção de saberes e valores. As experiências adquiridas e trocadas nas rodas de samba fizeram surgir os movimentos dos sambas juninos, nascidos nos terreiros de candomblé e em bairros da periferia de Salvador, buscando revitalizar o elemento cultural e reacender a capacidade de resistência popular, principalmente dos que vivem à margem da sociedade. Portanto é necessário que vejamos essa manifestação como um ícone da nossa história, não é à toa que o Ministério da Cultura anunciou a indicação do SAMBA, junto a UNESCO, para ser tombado como Patrimônio Cultural da Humanidade.
É isso aí. E que venha o SAMBA!

Construção da identidade étnica através de contos e mitos de matriz africana

Por Maria Luísa Passos*


No decorrer da humanidade, as obras da literatura universal veiculadas e narradas por Andersen, Charles Perrault, Irmãos Grimm, La Fontaine, entre outros, apenas nos trouxe referências identitárias a partir de um segmento étnico, os europeus. Diante desse fato não estou querendo preconizar a desvalorização ou desmerecimento dessas obras ou da cultura desses povos. O que se pretende ao utilizar os contos e mito de matriz africana é promover uma reparação no que diz respeito aos marcos civilizatórios africanos e seus bens materiais e imateriais que foram e são tão importantes quanto a dos demais povos que contribuíram para a formação da nação brasileira.

É fato inconteste que a população negra é maioria no Brasil. “De acordo com a pesquisa, feita com base nos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil terá a maioria de sua população negra, ou seja, mais da metade dos brasileiros, em 2010. A pesquisa considera negros os brasileiros que se declaram pretos (termo utilizado pelo IBGE) e pardos”. (LORENA RODRIGUES). (Disponível em:< http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u401394.shtml>).

Apesar deste fato, a maioria das obras literárias sobre literatura infantil e infanto - juvenil veiculada nos sistemas de ensino contemplam apenas valores eurocêntricos (valores referenciados a partir da cultura ocidental). Sendo assim, a criança afro-brasileira não tem acesso a uma literatura que exponha os valores e a história dos seus ancestrais. Por isso concordo com Francisca Sousa quando em seu artigo “Linguagens Escolares e Reprodução do Preconceito”, faz o seguinte relato: “observamos, ainda, que quando os textos, livros ou histórias se referem à pobreza, violência e outras mazelas sociais, geralmente, os negros aparecem nos personagens, nas ilustrações e no conteúdo do texto, não raro como protagonistas. Isto vale também para os programas de TV, jornais e revistas. Já nos livros de contos de fada, com príncipes, princesas e heróis, a presença negra é praticamente inexistente, predominando aí os personagens brancos, não raros loiros”.(SOUSA, 2005, p.110). Essas referências acabam não contribuindo para a auto-estima das crianças negras. Contudo, para que de fato a reparação com relação às mazelas que a escravidão ocasionou aos povos africanos e seus descendentes possam também ser intensificada no âmbito da literatura, recomenda-se a utilização de um estilo literário que promova com muita eficiência as relações entre o eu e o outro.

De acordo com a pesquisadora Marly Amarilha (2004 p.19).

Essa estrutura, portanto, atinge o receptor do ponto de vista emotivo e cognitivo. Nesse processo, o receptor da história envolve-se em eventos diferentes daqueles que está vivendo na vida real e, através desse envolvimento intelectual, emocional e imaginativo, experimenta fatos, sentimentos, realizações de prazer, frustrações podendo assim, lembrar, antecipar e conhecer algumas das inúmeras possibilidades do destino humano. Pelo processo de viver temporariamente os conflitos, angústias e alegrias dos personagens da história, o receptor multiplica as suas próprias alternativas de experiências do mundo, sem que com isso corra algum risco.

Dessa forma a utilização de contos e mitos africanos é de grande importância tendo em vista que os leitores poderão identificar-se com as narrativas que trarão aspectos que condizem com a sua realidade e com personagens que vivem problemáticas semelhantes as suas, podendo assim reelaborar e refletir sobre o seu papel social a partir de uma identidade étnico-racial. A utilização desse modelo textual também irá romper com os estereótipos da literatura dominante que impunham um discurso discriminatório onde as crianças negras eram maciçamente obrigadas a se reconhecerem como: "feia, preta, fedorenta, cabelo duro", iniciando o processo de desvalorização de seus fenótipos individuais, que interferem na construção da sua identidade de criança.

Nesse sentido a educadora e pesquisadora baiana Ana Célia da Silva, (2004, p.57) afirma que:

Ao veicular estereótipos que expandem uma representação negativa do negro e uma representação positiva do branco, o livro didático está expandindo a ideologia do branqueamento, que se alimenta das ideologias, das teorias e estereótipos de inferioridade/superioridade raciais, que se conjugam com a não legitimação do Estado, dos processos civilizatórios indígena e africano, entre outros, constituintes da identidade cultural da nação.

Atentando à observação apresentada acima, diríamos também que a utilização de contos e mitos de matriz africana é um material didático que possibilitará aos educandos negros uma interação com conteúdos que vão despertá-los para uma revisão com relação aos conceitos e preconceitos a cerca do continente africano, compreendendo a importância do mesmo para a humanidade. Esse aprendizado, certamente elevará a sua auto-estima, pois a partir dos conteúdos históricos dos contos os aprendizes vão saber que são oriundos de uma civilização que contribuiu muito para os estudos relacionados à medicina, astronomia, arquitetura, matemática, literatura, entre outros.

Os contos por serem uma obra literária de caráter simbólico e significativo possibilitam uma comunicação dinâmica com as simbologias imaginárias, atuando como desbravadores da conquista de uma auto-estima pautada pela visibilização positiva com relação à cultura dos povos de matriz africana, tendo em vista que, na maioria das vezes, as obras infanto - juvenis literárias veiculadas eram carregadas de textos discriminatórios onde os personagens negros exerciam papéis de subserviência, escravizados, ocupando cargos e funções de menos prestígio no contexto social. As imagens ilustrativas caricaturadas, associando a figura dos povos africanos a animais reforçavam os estereótipos de que em África existe apenas uma referência civilizatória habitada apenas por animais selvagens. E o que fazer acerca dos prejuízos causados historicamente pela negação das heranças culturais afro-brasileiras?

Diante dessas reflexões segue umas das obras literárias analisadas A mesma poderá ser encontarda no livro Ilê Ifé O Sonho do Iaô Afonjá (Mitos Afro-brasileiros) de Carlos Petrovich e Vanda Machado, publicado pela EDUFBA, no ano de 2000.

CONTO - I

OXUM NA ORGANIZAÇÃO DO MUNDO
Era uma vez, no princípio do mundo, Olodumaré mandou todos os orixás para organizarem a terra. Os homens faziam reuniões e mais reuniões. Somente os homens, as mulheres não foram convidadas. Aliás, as mulheres foram proibidas de participar da organização do mundo. Deste modo nos dias e horas marcadas, os homens deixavam em casa as suas mulheres e saiam para tomar as providências indicadas por Olodumaré.
As mulheres não gostaram de ficar de lado. Contrariadas foram conversar com Oxum. Oxum era conhecida como a “Iyalodê”. “Iyalodê” é um título que se dava à pessoa mais importante entre as mulheres do lugar.
Na verdade parece que os homens tinham esquecido do poder de Oxum para a água doce. E sem a água doce, com certeza, a vida na terra seria impossível.
Oxum estava aborrecida com a desconsideração dos homens. Afinal ela não poderia de forma alguma ficar longe das deliberações para o crescimento das coisas da terra. Ela sabia de tudo que estava acontecendo. Era preciso compreender que todos são importantes para construção do mundo.
Procurada por suas companheiras, conversaram durante muito tempo e por fim a “Iyalodê” comunicou: _De hoje em diante, vamos mostrar os nossos protestos para os homens. Vamos chamar atenção porque somos todos responsáveis pela construção do mundo. Enquanto não formos consideradas, vamos parar o mundo!
- Parar o mundo? O que significa isto? Perguntaram as mulheres curiosas.
- De hoje em diante, falou Oxum, até que os homens venham conversar conosco, estamos todas impedidas de parir. Também as árvores não vão mais dar frutos e as plantas não vão mais florescer, nem crescer. Isto foi dito e isto aconteceu.
Aquela foi uma reunião muito forte. A decisão foi acatada por todas as mulheres. E os resultados foram imediatos. Os planos que os homens faziam começaram a se perder sem nenhum efeito.
Desesperados, os homens se dirigiam a Olodumaré e explicaram como as coisas iam mal sobre a terra. As decisões tomadas nas assembléias não davam certo de forma nenhuma.
Olodumaré ficou surpreso com as más notícias.
Depois de meditar por alguns instantes perguntou:
- Vocês estão fazendo tudo como eu mandei?
Oxum está participando destas reuniões? Os homens responderam: _Veja senhor, estamos fazendo tudo “direitinho” como o senhor mandou. Agora, este negócio de mulher participando das nossas reuniões… isto aí, a gente não fez assim não. Coisa de homem tem que ser separado de coisa de mulher.
Olodumaré falou forte:
- Não é possível. Oxum é a orixá da fecundidade. É quem faz desenvolver tudo que é criado. Sem Oxum o que é criado não tem como progredir. Por exemplo, vocês já viram alguma coisa plantada crescer sem água doce?
Os homens voltaram correndo para a terra e cuidaram logo de corrigir aquela grande falha. Quando chegaram à casa de Oxum, ela já esperava na porta, fazendo jeito de quem não sabia o que estava acontecendo. Aí os homens foram chegando e dizendo:
- Agô Nilê! (com licença).
- Omo Nilé ni ka agô (filho da casa não pede licença).
Desse jeito ela os convidou a entrar em sua casa. Conversaram muito para convencer a Oxum. Eles pediram que ela participasse imediatamente dos seus trabalhos de organização da terra. Depois que ela se fez bem de rogada, aceitou o convite.
Não tardou e tudo mudou como por encanto.
Oxum derramou-se em água pelo mundo. A terra molhada reviveu. As mulheres voltaram a parir. Tudo floresceu e os planos dos homens conseguiram felizes resultados. Daí por diante, cada vez que terminavam uma assembléia, homens e mulheres cantavam e dançavam com muita alegria, comemorando o reencontro e suas possíveis realizações:
“ Araketo ê Faraimará”



O conto Oxum na organização do mundo mostra outra perspectiva com relação ao lugar que a mulher ocupa na sociedade, ele desmonta a ideologia da mulher submissa às deliberações masculinas e traz à tona uma reflexão que nos remete à ancestralidade tendo em vista que as mulheres negras sempre foram guerreiras a exemplo de Rainha Nzinga de Angola, embaixatriz em Luanda, durante o reinado do seu irmão e travou luta sem quartel durante trinta anos contra os portugueses, pela independência/sobrevivência do seu povo. ; Dandara uma das guerreiras do quilombo de Palmares, primeira república democrática do Brasil,mantendo a resistência de um quilombo que sobreviveu por mais de 100 anos; Luiza Mahin mãe do poeta abolicionista Luiz Gama e possivelmente uma das articuladoras da Revolta dos Malês, movimento de 1835 que é assim conhecido,por serem chamados de Malê os negros muçulmanos que a organizaram. A expressão malê vem de imalê, que na língua iorubá significa muçulmano. Portanto os malês eram especificamente os africanos que professavam o islamismo, a religião de Maomé. (Cf ILÊ AIYÊ, 2002, p.12.).

Ao olhar o entorno das comunidades onde as crianças negras residem e estudam, geralmente são comunidades populares, localizadas em bairros periféricos. É possível observar que na maioria das vezes as mulheres são as chefas de família. São elas que sempre vão às reuniões da escola, acompanham os filhos nas festinhas da escola e dos amigos e ao mesmo tempo criam estratégias de sobrevivência, quando não compõem o mercado de trabalho formal, atuando como quituteiras, lavadeiras, comerciantes, empresárias, assim como, Dinha do Acarajé (in Memória), Alaíde do Feijão entre outras. Contudo, dentre as estratégias de luta pela sobrevivência de combate ao sistema escravista e as desigualdades, a literatura também vem sendo um veículo propagador da resistência como explica a pesquisadora Florentina Souza em seu ensaio publicado na revista Palmares:


Os afro-brasileiros já vinham de há muito instalando um desconforto na produção textual brasileira através da produção de textos jornalísticos e literários que debruçavam-se sobre suas histórias e a cultura, dialogando com uma tradição político-reivindicatória(...)Assim os escritores e escritoras de origem afro-brasileira vão falando de si, de suas famílias, da história de seu grupo e rasuram a pretensa universalidade/ocidentalidade da arte literária.(2005, p.72)

Essa arte literária citada pela pesquisadora acima sempre esteve presente nas cantigas de rodas, nos cânticos dos orixás, na musicalidade, nas festas populares, nos versos, prosas e prosas de escritores/as como Luiz Gama, Cruz e Souza, Carolina de Jesus, Solano Trindade e atualmente na firmeza e dignidade dos poetas dos Cadernos Negros do grupo Quilombhoje.



* Educadora do Ceafro e graduada em Pedagogia (BA).

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

sábado, 18 de outubro de 2008

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O PERIGO DOS RESÍDUOS

Por resíduos sólidos compreende-se toda a gama de produção de lixo de uma sociedade. É bem verdade que a produção desses resíduos conta com diferentes atores, além de guardar particularidades no processo de poluição, impactos ambientais e danos à saúde. No Brasil, existe uma legislação que estabelece padrões de armazenamento e destinação final do lixo, para a prevenção de danos aos recursos naturais, ao meio ambiente e a vida, estabelecendo inclusive punição aos infratores. Mas infelizmente o cumprimento dessa legislação ainda não contempla as expectativas.
Sabemos que o lixo é um dos grandes problemas que a humanidade enfrenta. Atualmente essa discussão tem sido levantada com mais freqüência, levando a sociedade civil, educadores, sindicatos, órgãos governamentais, instituições e ONG’s ambientais a uma reflexão a cerca dos impactos e das alternativas a curto, médio e longo prazo para minimizar esse caos. É imprescindível que haja manutenção de políticas públicas que garantam a qualidade do meio ambiente e de vida da sociedade, pois geradores diretos ou indiretos, somos passivos diante das conseqüências oriundas do descaso com a questão dos resíduos.
Dentre os vários tipos de resíduos gerados, temos os que apresentam um grau maior de dificuldade no manuseio, armazenamento e destinação final, por isso necessitam de maior atenção no seu trato. A exemplo podemos citar os resíduos de saúde, pneus, pilhas, baterias de celular, e lâmpadas fluorescentes. Alguns desses elementos não são contemplados na legislação ambiental dificultando ainda mais o direcionamento das responsabilidades ambientais.
O lixo hospitalar merece máxima atenção em todas as fases de seu manejo (condicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final), pois os riscos causados por ele são graves e imediatos, principalmente quando tratados inadequadamente, sendo nocivo aos seres vivos, promovendo contaminação do solo, da água e até do ar. Por conta do seu alto grau de periculosidade é que o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, estabelece a resolução que prevê normas para tratamento dos resíduos de saúde. Essas normas responsabilizam o gerador, desde a segurança dos agentes coletores até as formas de tratamento adequado desse resíduo. As pilhas e baterias podem provocar contaminação da água e do solo, caso contenham substancias tóxicas como cádmio, chumbo e mercúrio. Por conta desse perigo ocasional, O CONAMA, responsabiliza o fabricante pelo estabelecimento de uma comunicação direta com o consumidor via informações nas embalagens e pela destinação final do produto.
Outro resíduo que por ventura pode ser extremamente danoso é o pneumático, pois a destinação final inadequada pode gerar acumulo de água parada, o que contribuiria para a multiplicação de mosquitos transmissores. Em contrapartida esse material pode ser reciclado, possibilitando várias formas de reutilização, inclusive como componente no composto do asfalto, para pavimentação, artesanato e até calçados. Independente do seu potencial de reaproveitamento esse resíduo tem como responsável por sua coleta e destinação final ambientalmente adequada o próprio fabricante, e ou, importador do produto. Essa resolução está prevista no CONAMA. Mas infelizmente a legislação não contempla a todos e as lâmpadas fluorescentes, cujo consumo é incentivado para a redução no consumo de energia, não possui definição legal sobre a sua coleta e destinação final, o que significa que após seu vencimento esse produto é depositado em lixões. A contaminação através desse material atinge o ar e o solo com mercúrio, elemento químico contido nas lâmpadas.
Portanto, a discussão sobre os resíduos sólidos cabe em amplo debate com a sociedade civil, entidades representativas do movimento popular, o poder público e demais setores, sendo necessário que se implemente políticas públicas sérias, cumprimento real das leis e aplicativo das punições previstas, bem como, um trabalho educativo e preventivo sobre os perigos decorrentes do manuseio incorreto e destinação final inadequada, causando impactos ao meio ambiente e a saúde, por que a vida tem pressa.

Por Maria da Conceição FreitasEducadora – Licenciada em História

O LIXO, A FAMÍLIA E O TRABALHO INFANTIL

A precariedade nas condições de vida e sobrevivência das famílias brasileiras leva crianças e adolescentes a enfrentar uma batalha diária para complementação e manutenção da renda familiar. O reflexo imediato desse processo recai sobre o aumento da evasão escolar e aliado a isto cresce a exposição destas crianças aos perigos existentes nas ruas, o que contraria os direitos assegurados no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Geralmente elas atuam em atividades que apresentam risco a sua integridade física ou de caráter subalterno, enfrentando jornadas de trabalho de até 12 horas por dia.Dentre as atividades exercidas há que se destacar o trabalho nos lixões e a coleta nas ruas. Ainda nas ruas elas estão sujeitas as mais diversas contaminações através do manuseio dos resíduos. Esses resíduos são oriundos de segmentos diferenciados, embora todos sejam passiveis de contaminação, alguns apresentam maiores danos à saúde, a exemplo dos resíduos de saúde, provenientes de materiais utilizados em hospitais e que em tese deveriam ter destino adequado, bem como, pilhas e baterias de celular. Esta situação as submete a todo tipo de violência e a discriminação, principalmente devido ao tipo de atividade que desenvolvem.Outro ponto a destacar são as alterações que são processadas no convívio familiar. A estrutura familiar destas crianças normalmente é confusa, onde seus pais são, de uma forma absoluta, trabalhadores com grau de instrução baixo ou inexistente - trabalham como biscateiros e a falta de formação dificulta a sua inserção no mercado de trabalho. Daí o início de uma vida envolvida no lixo, por pura falta de alternativa e por necessidade de sobreviver. Em média essas famílias apresentam renda equivalente a um salário mínimo e esse é único exemplo que os menores têm. Infelizmente a maioria não apresenta perspectiva de vida muito diferente da de seus pais, quando o desdobramento desta situação não os leva a uma situação de marginalidade e muitos são atraídos definitivamente para o crime. Torna-se urgente à criação de políticas públicas sérias que disconstruam essa realidade assegurando aos "meninos e meninas do lixo" uma vida digna e condizente com o seu tempo.

POR MARIA DA CONCEIÇÃO FREITAS
EDUCADORA - LICENCIADA EM HISTÓRIA
“Está em pauta na Câmara e no Senado o Projeto de Lei nº 3.198, de 2000, que define o Estatuto da Igualdade Racial. Os parlamentares federais, em especial, os negros, trabalham nas diversas comissões para aprovação desse projeto. Mas será que a sociedade tem acompanhado essa discussão? Afinal, do que se trata esse Estatuto? Como ele pretende combater e acabar com a discriminação racial que nos atinge no decorrer de toda a história do Brasil? (...) Conheça os principais pontos deste importante documento e fique por dentro do debate que pretende desenvolver políticas públicas a e ações afirmativas.”

FONTE: Revista RAÇA BRASIL. Ano 9. nº 88. Pg. 40
RESUMO DO ESTATUTO
Saúde
O documento estabelece o acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saúde e introduz a obrigação do quesito raça/cor, de acordo com a autoclassificação, em documentos do setor, tais como os cartões de identificação do SUS, prontuários médicos, fichas de notificação de doenças. O objetivo é criar mecanismos para que o Ministério da Saúde identifique e produza estatísticas epidemiológicas por doenças geneticamente determinadas ou agravadas pelas condições de vida dos afro-brasileiros, entre elas a anemia falciforme
Questão da terra
Assegura o direito a propriedade definitiva de terras ocupadas pelos remanescentes de comunidades quilombolas.
Mercado de trabalho
Propõe a implementação de políticas públicas voltadas para a inclusão do negro no mercado de trabalho, estabelecendo a contratação preferencial de negros no setor público e estimulando empresas privadas a fazerem o mesmo. Indica a inclusão do quesito raça/cor nos documentos administrativos dos setores público e privado, tais como formulários de admissão e demissão no emprego e acidentes de trabalho.
Sistema de cotas
Estabelece a cota mínima de 20% para a população afro-brasileira no preenchimento das vagas relativas aos concursos públicos, cursos de graduação em todas as instituições do ensino superior no País, nos contratos do Fundo de Financiamento aos Estudantes de Ensino Superior (FIES) e nas empresas com mais de 20 empregados.
Educação
Reforça o dever dos governos federal, estadual e municipal de promover ensino gratuito à população afro-brasileira e a introdução da disciplina História Geral da África e do Negro no Brasil no currículo escolar. Indica aos órgãos federais, e estaduais que criem linhas de pesquisa, programas de estudo e extensões universitárias voltados para temas referentes às relações raciais. Obriga a inclusão do quesito raça/cor na coleta de dados do censo escolar pelo Ministério da Educação.
Livre exercício dos cultos religiosos
Propõe o reconhecimento da liberdade de consciência e de crença dos afro-brasileiros e da dignidade dos cultos e religiões de matriz africana praticados no Brasil.
Meios de comunicação
Propõe a valorização da herança cultural e a participação dos afro-brasileiros na História do país, estabelecendo que filmes e programas veiculados pelas emissoras de televisão e peças publicitárias deverão apresentar imagens de negros em proporção não inferior a 20% do total de atores e figurantes.
Ouvidorias
Institui a criação de ouvidorias permanentes em defesa da igualdade racial no Congresso Nacional, Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais com a finalidade de receber e investigar denuncias de preconceito.
Acesso à justiça
Garante o acesso as vitimas de discriminação racial à Ouvidoria Permanente do Congresso Nacional. Indica a criação do Programa Especial de Acesso à Justiça para o negro.
Fundo de Promoção da igualdade racial
Criação de um fundo com recursos para a implementação das ações e políticas públicas.
FONTE: Revista RAÇA BRASIL. Ano 9. nº 88. Pgs. 40 à 42.

MACHADO DE ASSIS - A DENUNCIA PRETA OMITIDA

Por Walter Passos.
Teólogo, Historiador, Pan-africanista e Presidente CNNC – Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos.

Machado de Assis foi o maior escritor realista brasileiro e fundador da Academia Brasileira de Letras (ABL), sendo perseguido por diversos escritores da sua época e epitetado como o “Bruxo do Cosme Velho”, e ainda hoje continua sendo acusado de omisso nas questões relacionadas a causa preta, a escravidão, e a situação do escravizado. Infelizmente o autor do texto não conhece profundamente a literatura machadiana.
Os racistas e anti-Panafricanistas não aceitam um homem preto com a capacidade de Machado, intitulado como maior escritor brasileiro; e muitos críticos incorrem em erros de análise, imbuídos de preconceitos e desconhecimentos literários e históricos. Ler Iaiá Garcia, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro e outros contos e livros os quais Machado de Assis descreve com brilhantismo as mazelas da escravidão e as critica veementemente. Acredito que assim o fazendo não exporia desconhecimento sobre a importância dos escritos machadianos sobre a escravidão e a abolição, como diz o poeta Limeira: “Hábil lição da escravatura”. Machado de Assis conseguiu em seus textos denunciar a farsa abolicionista com o seu olhar cético, só o fazendo porque era conhecedor das elites escravagistas e sabia que, entre outras conseqüências, o povo preto saiu da senzala e foi transportado para as favelas, sendo ele mesmo um antigo morador dela. Foi cumprido um projeto de empobrecimento da população ex-escravizada, sendo sua mão-de-obra, agora livre, substituída por imigrantes brancos, os quais se tornaram donos dos instrumentos de produção, num processo de embraquecimento no território brasileiro. Vale ressaltar que esse processo começou com a teoria Eugenista, inspirada no racista francês Joseph Arthur de Gobineau, amigo do Imperador D.Pedro II, o qual sugeriu a imigração de caucasianos da Europa, para "salvar" o país da degeneração imutável.Todavia, Machado retrata o escravizado como um olhar realista, sem retoques, o observa como um ser destituído de todo senso crítico pelos senhores, e especialmente no romance Iaiá Garcia, o personagem Raimundo é considerado uma criança com responsabilidades de adulto no que concerne ao seu trabalho de escravizado, e ao mesmo tempo um incompetente. Ainda hoje o afrodescendente é considerado pelas elites desse país um individuo incapaz de gerir o seu próprio destino. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas o escravizado Prudêncio é transformado em um objeto, um brinquedo, um cavalo, e após a abolição não sabe lidar como a liberdade.Em Pai contra a Mãe Machado retrata a escravatura em toda a sua realidade e crueldade, fala dos castigos: “Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha-de-flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dous para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado.” Relata as fugas individuais usadas como uma forma de resistência pelos nossos ancestrais, que não aceitaram a escravidão. Observa os castigos cruéis aplicados aos escravizados: “O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa também à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. “Há meio século, os escravos fugiam com freqüência”.Informa com sapiência a continuidade da escravidão pelo ventre materno, a sujeição da mulher escravizada que não pode usufruir seu filho, aquela que não gera uma criança, mas, sim uma mercadoria. Machado enfoca com maestria a dominação do homem pelo homem, no qual o escravismo cria relações monstruosas em um sistema político imoral e autoritário. Não esconde a opressão de suas vítimas e nem escamoteia em versos lindos e poéticos os sofrimentos dos escravizados. Cita o personagem Cândido Neves, caçador de escravizados fugitivos, retratando uma forma de resistência que foi a fuga individual. Denuncia o sistema escravocrata que cria homens insensíveis que vivem a caçar pessoas consideradas “bichos fujões”, por estarem fora das elites e precisam de dinheiro, esse é o caso de Cândido Neves, um capitão-do-mato, que endividado vai vender o próprio filho. Mas no caminho captura uma escravizada, e recebe uma boa recompensa, mantendo assim o seu filho. A escravizada estava grávida, e abortou com os castigos recebidos, ficando a vida do filho de Candinho em troca da morte de um ser preto, que no país escravista era considerado simples mercadoria. Este conto de machado de Assis foi um dos maiores alertas e protestos feitos contra a escravidão no Brasil e o bastaria e mais nada para considerá-lo um dos maiores abolicionistas brasileiros.Foram criados adjetivos e estigmas sobre Machado de Assis, infelizmente repetidos, até por membros pretos na luta contra a discriminação. Falar sem conhecer é preconceito e devemos ler as obras machadianas, sendo assim, através de projetos de leituras orientar os nossos estudantes no sentido de discutir a contribuição machadiana nas denúncias do escravismo no Brasil.Tornar-se-á necessário que acabemos com as visões racista inseridas nas nossas mentes de desprestigiar e negar aqueles poucos descendentes de africanos que no passado souberam usar a língua dos dominadores para denunciar a escravidão e suas mazelas.

A MULHER NEGRA NO BRASIL CONTEMPORÂNEO

Muita coisa aconteceu com o mundo até chegarmos aos dias atuais. Revoluções, guerras, avanços tecnológicos, mudanças políticas econômicas e socais. Mas, o que parece nunca mudar é a qualidade interior da humanidade como um todo, mudam-se apenas rótulos. Mudam-se ideologias, sistemas, mas o homem continua o mesmo, carregando a mesma mente, os mesmos medos e mesmos condicionamentos. De que adianta tanta tecnologia se não conseguimos viver em paz com nosso vizinho? Condicionamentos coloniais continuam rondando as casas dos homens modernos e eles nem mesmo se dão conta disso. Um destes condicionamentos revela-se na condição de desigualdade da mulher negra no Brasil dos dias atuais.Sabemos que a mulher teve um tratamento diferenciado no processo histórico. Seu papel, em diversas sociedades, era de submissão ao homem. Devia obedecer ao homem provedor da casa e, a mulher que não representasse seu papel para a sociedade era tida como escoria excluída, caçada. Às mulheres não era permitido o prazer sexual ou ter voz ativa na política e mais alguns outros luxos reservados ao mundo masculino. Mas a mulher negou o seu papel de fêmea submissa, lutou por direitos iguais e, com as mudanças promovidas pela contracultura, a negação aos valores ocidentais, ela consegue abrir uma brecha maior no mundo majoritariamente masculino. Desde então, luta por respeito e igualdade em uma sociedade notoriamente desigual. O feminismo pode ser caracterizado como [...] a ação política das mulheres. Engloba teoria, pratica e ética, transformando as mulheres em sujeitos históricos da transformação da sua própria condição social. [...] Este conceito propõe que as mulheres partam para mudar a si mesmas e ao mundo. O feminismo tem conseguido muitas conquistas em sua luta por direitos iguais, mas, no Brasil principalmente, existe um tipo de variável que precisa ser considerada, o caso das mulheres negras, que sofrem preconceito duplo, por serem mulheres e por serem negras (sexismo e racismo).É importante lembrar que as negras no Brasil tiveram um tratamento diferenciado das mulheres brancas. Se, às mulheres brancas foi negado o direito à voz ativa, às negras foi negado o direito a sexualidade, identidade, maternidade. Tirou-se muito da mulher africana que era trazida para ser escrava no Brasil.Tratadas como objeto, eram estupradas pelos senhores de engenho, serviam apenas para lhes dar prazer, enquanto que, a procriação era serviço da mulher branca. Eram obrigadas a amamentar os filhos dos seus senhores, cuidar deles e cuidar da casa grande. A mulher negra foi reservada lugar depreciativo do que a mulher branca e européia. Este é um dos condicionamentos que desde o Brasil colônia, ainda se arrasta na sociedade brasileira contemporânea.Enquanto vemos que as mulheres brancas conseguem maior inserção no mercado de trabalho, na política, tornam-se chefes de empresas, dominando lugares antes exclusivamente masculinos. A mulher negra continua ocupando os mesmos postos subalternos de outrora, sem necessariamente ter chance de melhorar sua condição social, como as brancas, em parte, por toda essa herança de desigualdade colonial. O movimento feminista foi racista no sentido de não atender as singularidades de outros tipos de mulheres, tornando sua luta generalizada. As mulheres negras por serem vistas de maneira diferente das brancas, mereciam também reinvidicações diferentes. É este tipo de racismo, entre as mulheres feministas que deve ser pensado. Olhar com atenção às singularidades de outros grupos de mulheres, lutando por direitos realmente justos para todas. A mulher negra tem um passado de exclusão na sociedade, já foi escrava, mucama, prostituta. Tais condicionamentos, arraigados pelos parâmetros eurocêntricos de civilização, inseridos em nosso subconsciente, há tanto tempo atrás, num passado que para nós parece remoto morto e enterrado, precisam ser trazidos à tona, levados à reflexão e finalmente enterrados.
Fonte: SOARES, Vera; O verso e o reverso da construção da cidadania feminina, branca e negra, no Brasil.

MAPA MUNDI DA IDADE PENAL

PRECISMOS DEBATER SOBRE ESSA QUESTÃO NOS ESPAÇO DO PENSAR SOBRE EDUCAÇÃO. O QUE VC ACHA?

diversidade religiosa e direitos humanos


Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de suapele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender;e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”(Nelson Mandela)

O Estado Brasileiro é laico. Isso significa que ele não deve ter, e não tem religião. Tem, sim, o dever de garantir a liberdade religiosa. Diz o artigo 5o, inciso VI, da Constituição: “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.” A liberdade religiosa é um dos direitos fundamentais da humanidade, como afirma a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual somos signatários. A pluralidade, construída por várias raças, culturas, religiões, permite que todos sejam iguais, cada um com suas diferenças. É o que faz do Brasil, Brasil. Certamente, deveríamos, pela diversidade de nossa origem, pela convivência entre os diferentes, servir de exemplo para o mundo. No Brasil de hoje, a intolerância religiosa não produz guerras, nem matanças. Entretanto, muitas vezes, o preconceito existe e se manifesta pela humilhação imposta àquele que é “diferente”. Outras vezes o preconceito se manifesta pela violência. No momento em que alguém é humilhado, discriminado, agredido devido à sua cor ou à sua crença, ele tem seus direitos constitucionais, seus direitos humanos violados; este alguém é vítima de um crime – e o Código Penal Brasileiro prevê punição para os criminosos.Invadir terreiros de umbanda e candomblé, que, além de locais sagrados de culto, são também guardiães da memória de povos arrancados da África e escravizados no Brasil; desrespeitar a espiritualidade dos povos indígenas, ou tentar impor a eles a visão de que sua religião é falsa; agredir os ciganos devido à sua etnia ou crença, mesmo motivo que os levou ao quase extermínio na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial: tudo isto é intolerância, é discriminação contra religiões. É o contrário do que pretende o Programa Nacional dos Direitos Humanos. O Programa Nacional dos Direitos Humanos pretende incentivar o diálogo entre os movimentos religiosos, para a construção de uma sociedade verdadeiramente pluralista, com base no reconhecimento e no respeito às diferenças
Ministro Nilmário Miranda (Secretaria Especial dos Direitos Humanos)

A IMPORTÃNCIA DO NEGRO PARA A HUMANIDADE

Essa é a história de um garoto chamado Theo que acordou um dia e perguntou a sua mãe: "Mãe, o que aconteceria se não existissem pessoas negras no mundo?" Sua mãe pensou por um momento e então falou: "Filho, siga-me hoje e vamos ver como seria se não houvesse pessoas negras no mundo".
E, então, disse: "Agora vá se vestir e nós começaremos". Theo correu para seu quarto e colocou suas roupas e sapatos. Sua mãe deu uma olhada nele e disse: "Theo, onde estão seus sapatos? E suas roupas estão amassadas, filho preciso passá-las”. Mas quando ela procurou pela tábua de passar, ela não estava mais lá. Veja, Sarah Boone, uma mulher negra, inventou a tábua de passar roupa. E Jan E. Matzelinger, um homem negro, inventou a máquina de colocar solas nos sapatos. "Então... - ela falou - Por favor, vá e faça algo em seu cabelo." Theo decidiu apenas escovar seu cabelo, mas a escova havia desaparecido. Veja Lydia O. Newman, uma mulher negra, inventou a escova. Ora, essa foi uma visão... Nada de sapatos, roupas amassadas, cabelos desarrumados. Mesmo o cabelo da mãe, sem as invenções para cuidar do cabelo feitas por Madame C. J. Walker... Bem, vocês podem vislumbrar. . A mãe disse a Theo: "Vamos fazer nossos trabalhos domésticos e, então, iremos ao mercado". A tarefa de Theo era varrer o chão. Ele varreu, varreu e varreu. Quando ele procurou pela pá de lixo, ela não estava lá. Lloyde P. Ray, um homem negro, inventou a pá de lixo. Ele decidiu, então, esfregar o chão, mas o esfregão tinha desaparecido. Thomas W. Stewart, um homem negro, inventou o esfregão. Theo gritou para sua mãe: "Não estou tendo nenhuma sorte!" Ela responde: "Bem, filho, deixe-me terminar de lavar estas roupas e prepararemos a lista do mercado". Quando a lavagem estava finalizada, ela foi colocar as roupas na secadora, mas ela não estava lá. Acontece que George T. Samon, um homem negro, inventou a secadora de roupas.
A mãe pediu a Theo que pegasse papel e lápis para fazerem a lista do mercado. Theo correu para buscá-los, mas percebeu que a ponta do lápis estava quebrada. Bem... ele estava sem sorte, porque John Love, um homem negro, inventou o apontador de lápis. A mãe procurou por uma caneta, mas ela não estava lá, porque William Purvis, um homem negro, inventou a caneta-tinteiro. Além disso, Lee Burridge inventou a máquina de datilografia e W. A. Lovette, a prensa de impressão avançada. Theo e sua mãe decidiram, então, ir direto para o mercado.
Ao abrir a porta, Theo percebeu que a grama estava muito alta. De fato, a máquina de cortar grama foi inventada por um homem negro, John Burr. Eles se dirigiram para o carro, mas notaram que ele simplesmente não sairia do lugar. Isso porque Richard Spikes, um homem negro, inventou a mudança automática de marchas e Joseph Gammel inventou o sistema de super carga para os motores de combustão interna. Eles perceberam que os poucos carros que estavam circulando, batiam uns contra os outros, pois não havia sinais de trânsito. Garret A. Morgan, um homem negro, foi o inventor do semáforo.
Estava ficando tarde e eles, então, caminharam para o mercado, pegaram suas compras e voltaram para casa. Quando eles iriam guardar o leite, os ovos e a manteiga, eles notaram que a geladeira havia desaparecido. É que John Standard, um homem negro, inventou a geladeira. Colocaram, assim, as compras sobre o balcão.
A essa hora Theo começou a sentir bastante frio. Sua mãe foi ligar o aquecimento. Acontece que Alice Parker, uma mulher negra, inventou a fornalha de aquecimento. Mesmo no verão eles não teriam sorte, pois Frederick Jones, um homem negro, inventou o ar condicionado.
Já era quase a hora em que o pai de Theo costumava chegar em casa. Ele normalmente voltava de ônibus. Não havia, porém, nenhum ônibus, pois seu precursor, o bonde elétrico, foi inventado por outro homem negro, Elbert R. Robinson. Ele usualmente pegava o elevador para descer de seu escritório, no vigésimo andar do prédio, mas não havia nenhum elevador, porque um homem negro, Alexander Miles, foi o inventor do elevador. Ele costumava deixar a correspondência do escritório em uma caixa de correio próxima ao seu trabalho, mas ela não estava mais lá, uma vez que foi Philip Downing, um homem negro, o inventor da caixa de correio para a colocação de cartas e William Berry inventou a máquina de carimbo e de cancelamento postal.
Theo e sua mãe sentaram-se na mesa da cozinha com as mãos na cabeça. Quando o pai chegou, perguntou-lhes: "Por que vocês estão sentados no escuro?". A razão disso? Pois Lewis Howard Latimer, um homem negro, inventou o filamento de dentro da lâmpada elétrica. Theo havia aprendido rapidamente como seria o mundo se não existissem as pessoas negras. Isso para não mencionar o caso de que pudesse ficar doente e necessitar de sangue. Charles Drew, um cientista negro, encontrou uma forma para preservar e estocar o sangue, o que o levou a implantar o primeiro banco de sangue do mundo. E se um membro da família precisasse de uma cirurgia cardíaca? Isso não seria possível sem o Dr. Daniel Hale Williams, um médico negro, que executou a primeira cirurgia aberta de coração.
Então, se você um dia imaginar como Theo, onde estaríamos agora sem os Negros? Bem, é relativamente fácil de ver. Nós ainda estaríamos na “ESCURIDÃO”.